Sabes, num sentido metafísico, a vida é um fracasso. Crescemos com ambições desmedidas, objectivos tão sublimes quanto irrealistas e aos poucos confirmamos que tudo não passa de imposturas. Uma comédia que nos vai desgastando em sonhos irrealizáveis, em acrobacias e reviravoltas que mais não geram senão inúteis retornos. E a nossa própria vida é tão insignificante em termos cósmicos que o seu eclipse não causa qualquer mossa ao equilíbrio universal…
O mesmo se passa com as paixões. Vivê-las é condená-las à morte. Filtradas pelo dia-a-dia, banalizadas pela vida corrente, corrompem-se e a derrocada é semelhante a baralhos de cartas. A paixão não aguenta a vida. Sustenta-se no sonho, na distância, no mistério criado pela ausência do outro.
A paixão não aguenta a nudez. Desnudos perante o outro, revelamos as mazelas, as imperfeições, as fragilidades, as desculpas, as falhas. Nós apenas saboreamos os outros ajustados pelos nossos olhos, pelos nossos desejos, pelos nossos delírios.
Naturalmente, poderemos adiar a morte, tal como adiar o colapso da paixão. Diminuindo os riscos viveremos mais, tal como conservar as paixões no campo do sonho-sonhado, inclusas em sótãos misteriosos, permitirá a sua sobrevivência. Mas o medo da morte e ausência do risco não impedirá a própria vida? E conservar uma paixão num limbo inacessível e viver na sua sombra, na sua vacuidade, não será também uma traição a ela mesma? Para quê se, no final, restará a melancolia do que ficou por viver? Não será, então, preferível esgotá-la na correnteza do tempo?
Não sei. Também compreendo o teu ponto de vista…
O mesmo se passa com as paixões. Vivê-las é condená-las à morte. Filtradas pelo dia-a-dia, banalizadas pela vida corrente, corrompem-se e a derrocada é semelhante a baralhos de cartas. A paixão não aguenta a vida. Sustenta-se no sonho, na distância, no mistério criado pela ausência do outro.
A paixão não aguenta a nudez. Desnudos perante o outro, revelamos as mazelas, as imperfeições, as fragilidades, as desculpas, as falhas. Nós apenas saboreamos os outros ajustados pelos nossos olhos, pelos nossos desejos, pelos nossos delírios.
Naturalmente, poderemos adiar a morte, tal como adiar o colapso da paixão. Diminuindo os riscos viveremos mais, tal como conservar as paixões no campo do sonho-sonhado, inclusas em sótãos misteriosos, permitirá a sua sobrevivência. Mas o medo da morte e ausência do risco não impedirá a própria vida? E conservar uma paixão num limbo inacessível e viver na sua sombra, na sua vacuidade, não será também uma traição a ela mesma? Para quê se, no final, restará a melancolia do que ficou por viver? Não será, então, preferível esgotá-la na correnteza do tempo?
Não sei. Também compreendo o teu ponto de vista…
6 comentários:
Se calhar é verdade.
Oh, as férias não são sinónimo de tédio, não quando as convertemos em passeios e viagens e quando aproveitamos para pôr em dia a cultura que ficou de lado durante o ano! Tédio é ir às aulas passar cadernos quando se sabe que para o ano estaremos a ouvir a mesma matéria. Eu já estava a precisar de férias!
Beijo*
Toda a alma tem uma face negra
Nem eu nem tu fugimos à regra
Tiremos à expressão todo o dramatismo
Por ser para ti eu uso um eufemismo
Chamemos-lhe apenas o lado lunar
Mostra-me o teu lado lunar
Desvenda-me o teu lado mausão
O túnel secreto, a loja de horrores
A arca escondida debaixo do chão
Com poeira de sonhos e ruinas de amor
Eu hei-de te amar por esse lado escuro
Com lados felizes eu já não me iludo
Se resistir à treva é um amor seguro
à prova de bala à prova de tudo
(Lado Lunar, Carlos Tê/Rui Veloso)
x
Não sei. Também compreendo o teu ponto de vista...
:)
beijinhos*
Paixão é Paixão! É isso mesmo ! Não há mais voltas a dar! É uma explosão dos nossos melhores sentimentos; como tal, é por natureza, efémera. Mas vale a pena, vale pois !!!
Toda e qualquer tentativa de alteração possivelmente não será Paixão.
av
A paixão é saudável desde que se tenha a capacidade de se apaixonar todos os dias.
Pieitch Doctor
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