terça-feira, 3 de junho de 2008

O fracasso das paixões

Sabes, num sentido metafísico, a vida é um fracasso. Crescemos com ambições desmedidas, objectivos tão sublimes quanto irrealistas e aos poucos confirmamos que tudo não passa de imposturas. Uma comédia que nos vai desgastando em sonhos irrealizáveis, em acrobacias e reviravoltas que mais não geram senão inúteis retornos. E a nossa própria vida é tão insignificante em termos cósmicos que o seu eclipse não causa qualquer mossa ao equilíbrio universal…

O mesmo se passa com as paixões. Vivê-las é condená-las à morte. Filtradas pelo dia-a-dia, banalizadas pela vida corrente, corrompem-se e a derrocada é semelhante a baralhos de cartas. A paixão não aguenta a vida. Sustenta-se no sonho, na distância, no mistério criado pela ausência do outro.

A paixão não aguenta a nudez. Desnudos perante o outro, revelamos as mazelas, as imperfeições, as fragilidades, as desculpas, as falhas. Nós apenas saboreamos os outros ajustados pelos nossos olhos, pelos nossos desejos, pelos nossos delírios.

Naturalmente, poderemos adiar a morte, tal como adiar o colapso da paixão. Diminuindo os riscos viveremos mais, tal como conservar as paixões no campo do sonho-sonhado, inclusas em sótãos misteriosos, permitirá a sua sobrevivência. Mas o medo da morte e ausência do risco não impedirá a própria vida? E conservar uma paixão num limbo inacessível e viver na sua sombra, na sua vacuidade, não será também uma traição a ela mesma? Para quê se, no final, restará a melancolia do que ficou por viver? Não será, então, preferível esgotá-la na correnteza do tempo?

Não sei. Também compreendo o teu ponto de vista…

6 comentários:

Anónimo disse...

Se calhar é verdade.


Oh, as férias não são sinónimo de tédio, não quando as convertemos em passeios e viagens e quando aproveitamos para pôr em dia a cultura que ficou de lado durante o ano! Tédio é ir às aulas passar cadernos quando se sabe que para o ano estaremos a ouvir a mesma matéria. Eu já estava a precisar de férias!

Beijo*

::::: disse...

Toda a alma tem uma face negra
Nem eu nem tu fugimos à regra
Tiremos à expressão todo o dramatismo
Por ser para ti eu uso um eufemismo
Chamemos-lhe apenas o lado lunar
Mostra-me o teu lado lunar

Desvenda-me o teu lado mausão
O túnel secreto, a loja de horrores
A arca escondida debaixo do chão
Com poeira de sonhos e ruinas de amor

Eu hei-de te amar por esse lado escuro
Com lados felizes eu já não me iludo
Se resistir à treva é um amor seguro
à prova de bala à prova de tudo


(Lado Lunar, Carlos Tê/Rui Veloso)

Anónimo disse...

x

V. disse...

Não sei. Também compreendo o teu ponto de vista...

:)

beijinhos*

Unknown disse...

Paixão é Paixão! É isso mesmo ! Não há mais voltas a dar! É uma explosão dos nossos melhores sentimentos; como tal, é por natureza, efémera. Mas vale a pena, vale pois !!!
Toda e qualquer tentativa de alteração possivelmente não será Paixão.
av

Anónimo disse...

A paixão é saudável desde que se tenha a capacidade de se apaixonar todos os dias.

Pieitch Doctor