Viveu convencido de que um exame dos nossos passos, – aqueles que marcaram decisivamente a nossa biografia – revelaria sinais evidentes de um elo obscuro e enigmático que os atravessa na sua essência. No termo de qualquer história individual, depois das opções e acontecimentos serem compactados por cilindros mágicos, surgiria em evidência o sentido do rumo. Mesmo decisões que pareceram descabidas – aparentemente, por não pertencerem ao guião do filme – encontrariam o seu acto de validação com o desenrolar do drama.
Seria inverosímil que o acaso não traduzisse uma ordenação. Uma arrumação do caos, um alinho dos acontecimentos acumulados. Só assim se explicava como um único pormenor, tão insignificante como sair de casa atrasado, devido a um despertador emudecido por descarga da pilha, em consequência da pressa causar um embate com um automóvel, conhecer alguém devido ao contratempo e iniciar ali uma relação que trouxe filhos, novas residências, outras ambições, distintos caminhos profissionais, novos amigos, desilusões… Como seria a vida alternativa caso o despertador tivesse funcionado como seria previsível? Chegaria aos mesmos lugares por percursos diferentes?
Seria inverosímil que o acaso não traduzisse uma ordenação. Uma arrumação do caos, um alinho dos acontecimentos acumulados. Só assim se explicava como um único pormenor, tão insignificante como sair de casa atrasado, devido a um despertador emudecido por descarga da pilha, em consequência da pressa causar um embate com um automóvel, conhecer alguém devido ao contratempo e iniciar ali uma relação que trouxe filhos, novas residências, outras ambições, distintos caminhos profissionais, novos amigos, desilusões… Como seria a vida alternativa caso o despertador tivesse funcionado como seria previsível? Chegaria aos mesmos lugares por percursos diferentes?
Deve haver um vínculo nesta dispersão de eventos pontuais. O acaso não pode ser um emaranhado desconexo de pontos que se excluem ou reprimem. E, lembrava que a morte, sendo inevitável, poderia ter vindo antes do tempo, caso nos encontrássemos em determinados locais e em horas funestas. O que nos salvou? Poderíamos seguir viagem naquele avião que se despenhou, ou naquele automóvel abalroado por outro que seguia em sentido contrário. Há algo misterioso que nos liga à vida ou à morte, ao desespero ou à esperança, ao afago ou à solidão, aparentemente, circunstâncias sem cunho, sem necessidade intrínseca. Nalgumas vezes, apenas pesou o isolamento de uma opção tomada à pressa, noutras imprevistos circunstanciais, ou ainda noutras coacções imponderadas.
Naturalmente, há aqueles que se julgam capazes de controlar a sua própria história com mãos de ferro e o acontecido apenas proveito da sua luta, esforço, perspicácia, destreza e inteligência, ou então da sua própria burrice, falta de atenção ou ingenuidade. A arrogância desta análise é contrariada frequentemente no vazio do imprevisto. Pelo contrário, ele acreditava que a história dos homens é uma simples consequência de minúsculas opções que forjaram os grandes propósitos. Bagatelas originadas sem a lucidez de uma razão omnipotente e que se transformam, aos poucos, nos pontos fulcrais da narrativa.
Naturalmente, há aqueles que se julgam capazes de controlar a sua própria história com mãos de ferro e o acontecido apenas proveito da sua luta, esforço, perspicácia, destreza e inteligência, ou então da sua própria burrice, falta de atenção ou ingenuidade. A arrogância desta análise é contrariada frequentemente no vazio do imprevisto. Pelo contrário, ele acreditava que a história dos homens é uma simples consequência de minúsculas opções que forjaram os grandes propósitos. Bagatelas originadas sem a lucidez de uma razão omnipotente e que se transformam, aos poucos, nos pontos fulcrais da narrativa.
No final, aquela sensação misteriosa de que, afinal, nada poderia ser de outra maneira. Será esse o destino humano?
5 comentários:
Sim, sim: 99,999 porcento estão destinados a ser o que os outros 0,001 porcento consideram ser a biomassa à sua disposição. A imensa maioria risca muito pouco no livro do destino. os outros riscam um bastante mais. Não há pois dúvida que é tudo uma questão de sorte: a sorte de nascer no lado certo da cerca.
Estou convencido que as nossas vidas são compostas destes "pequenos acasos". Uns são insignificantes/invisíveis; outros influenciam as nossas vidas; e ainda outros são de tal forma determinantes que após terem passado anos sobre o ocorrido, nos questionamos: ... e se eu tivesse saído mais tarde naquele dia? Como seria a minha vida hoje? Será que teria conhecido aquela pessoa que é tão determinante na minha vida? Será que teria evitado o acidente? Ou será que esse mesmo acidente funcionou como "travão" de outro acontecimento pior? Ou outro acontecimento melhor? Por mais que queiramos não temos controlo sobre estes "pequenos acasos", tal é o infinito e o emaranhado de combinações que podem resultar no espaço e no tempo. Sentimo-nos tão infinitamente pequeninos que só nos resta viver resignados.
av
Parece que o novo Batman é sobre o acaso.
Ora aqui está o script do filme Sliding Indoors. Acaso? ou...consequência? Check it out.
um simples acaso. mas há tantos acasos que este será uma simples consequência...
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